domingo, 25 de março de 2007

No cotidiano se fazem as relações e as diversas experiências


Agnes Heller, diz que “a vida cotidiana é a vida de todo o homem”, por isso nenhum homem consegue sair desta esfera, a esfera do dia-a-dia, onde acontecem todos os tipos de interação. É nesse mesmo local, no cotidiano, que o homem se descobre um ser da comunicação, pois, é a partir dela, que ele constrói toda sua rede de interação.
Os espaços principais para a formação dessa rede de intercâmbio, que o autor chama de “amadurecimento”, são a família, a escola, o trabalho e a comunidade. A partir destas relações, o indivíduo percebe sua importância na cotidianidade, pois elas criam para o indivíduo uma mediação entre os “costumes, as normas e a ética de integração”. Nesse momento então, o homem aprende a se integrar na sociedade, aprende como agir em grupos. Aprendendo as normas, depois de um certo tempo, ele é considerado adulto, capaz de tomar decisões e fazer escolhas, é parte integrante da história.

O jornalismo deve ser assim, tratar do cotidiano, contar a história do homem e, para isso, procura fragmentos na experiência, através da própria experiência. Tem como seu principal ator o homem, o ser cotidiano, o ser da comunicação, da interação. E partindo dessa idéia, percebe-se que é por haver uma necessidade que existe a comunicação que viabiliza a vida. Sem comunicação, sem interação não há a possibilidade de vida. O homem é um ser comunicável por natureza. É preciso entender suas necessidades e através desta percepção criar novos meios para sua interação.

A massificação da cultura gera a massificação das idéias, do comportamento, do cotidiano. Mas, há cultura não massificada? Este é o tipo de questionamento que deve ser feito, pois, se a cultura é popular, ela é massiva, mas nem por isso ela precisa ser “enlatada”. A partir do momento em que a mídia se utiliza aspectos culturais e o subvertem em valores e o vendem, aí sim as idéias são massificadas. Atualmente há uma procura pela “verdadeira” cultura, pela cultura pura, os grupos que são contra a chamada “indústria cultural”, se unem e criam vias independentes de troca e fomentam discussões que não passam pelos principais veículos de comunicação.

É nessa hora que o jornalista entra em cena para perceber os fragmentos dessa nova forma de interação e contar a história desse novo contexto em que está inserido. É nesse instante que deve ser percebido a importância do jornalista na tessitura da sociedade contemporânea. O papel fundamental do jornalismo é escrever a história do cotidiano de maneira que ela saia de seu contexto real e retorne para ele de uma maneira mais clara, não menos subjetiva, mas de forma real e que faça a população, o público, definir suas (re) ações, a partir do que foi publicado.


Não só o jornalista, mas o comunicador social deve ser um mediador, pois lida com diversas informações diariamente. O bom jornalista deve perceber o que é importante para o homem, em seu cotidiano que atualmente está mais fragmentado, e através desta percepção, criar mecanismos de elaboração de histórias, que mostre que o indivíduo é parte integrante da história.

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